segunda-feira, dezembro 27, 2010


Sonho de menina

2
Cheguei aos nove meses por vocação e para o meu amor sobrevivi heroicamente como um gladiador no campo de batalha. Á medida que nos conhecíamos eu desejava mais o amor   fileira pra ver seução,que te deu brilho e motiveu amor receber os mque me causava ondas  simbolicas e acreditava mais na existência pura dos sentimentos incondicionais. 
Chegar aos nove meses foi como ir ao baile de condecoração depois da guerra, sentar na primeira fila pra ver o amor receber os méritos e dançar com ele Omara Portuondo. Numa composição terna e gigante pela própria natureza cresceu em mim o mais belo sentimento, a mais delicada prova de amor, o mais genuíno instinto do termo voar.
Chegar aos nove meses foi como completar um dia de vida e imaginar que essa vida se multiplicará por dias a fio.
Chegar aos nove meses foi como desembrulhar nove presentes e um superar o outro, ao final chegar à conclusão de que todos foram imprescindíveis e faltar palavras de tanta satisfação.
Chegar aos nove meses foi como um sonho de menina.


Com meu coração a salvo, e condenado a morrer de bom amor 
na agonia feliz de qualquer dia depois dos meus cem anos. 
G.G.M.

quinta-feira, dezembro 09, 2010


Confie em mim.

8
Confiança é um doce que nunca satisfaz, como e dou, mas não afasto as dúvidas e o receio do porvir. Nenhum amor é permanente e inalterável, nossos amores estão constantemente envoltos nas armadilhas das conquistas e sendo vista de muitos olhos, não estamos ao lado de quem confiamos todas as horas do dia e o coração é falho.

Confio desconfiando no meu amor, porque confiança demais cega e quando cega nem sendo traída conseguimos ver essa traição. Questiono onde esteve, com quem e porque, não por possessividade e sim por zelo. Da mesma maneira meu amor age comigo, e intitulam-nos ciumentos demais. Não sabem que o amor não sendo bem guardado caminha por si só em busca de novos pássaros que cantem baixinho dentro dele.

Confio em meu amor, no dele por mim, só não me peçam pra confiar nas tentações que não cansam de vim.

terça-feira, novembro 16, 2010


Clamor

6
Não suporto mais o amor e tudo o que gira em torno dele. 
Amar por muito tempo requer tanto que apodreci.

Já apodrecido o riso alça voo sozinho em busca de outras faces que o use de maneira genuína e inadvertida, o marasmo debruçado num livro em branco se justifica para o entusiasmo enfurecido diante de vidas sem vida, a aventura mingua no silêncio do quarto onde fazemos amor várias vezes ao dia para conformidade da nossa rotina, o ciúme flexível cresce e vira um monstro possessivo diminuindo os números de amigos, os afagos tropeçam no caminho e não sabem mais como despertar furacões adormecidos que me dominam, as lágrimas chegam cada vez mais fáceis e cada vez mais doloridas, a cumplicidade jaz frustrada em meio ao turbilhão de ameaças, a sensação de proteção deu lugar ao medo do que virá caso um dos dois decida terminar. Perturbada chego a uma conclusão que já não cabe para mim:  deve-se amar uma vez na vida, amar ao nascer do sol e suspirar pela última vez quando ele se recolhe.Vivê-lo na delicadeza das suas primeiras horas de vida é o bastante para  não repudiá-lo pelo resto da vida.

quarta-feira, novembro 03, 2010


Mulher ingloriosa

10
Por toda vida almejei ser a fatia grande de felicidade deliciada na boca do sedutor que estava ao lado da minha grande amiga Leonora. Cantador cantava  aos pássaros seu amor e sem abrir o lábio derramava a primavera de flor em flor, as mesmas atravessavam o vento e as paisagens na incubência de compartilhar com o horizonte as belezas do amor que colore o deserto de uma vida sem delírio. Seu sentir audacioso tratava-se de epifania generalizada, amor extraviado para uso contínuo capaz de ser dissonante nas mãos que o recebe.

Este criador por natureza vivia na vida de Leonora sob forma de garôa, numa placidez trêmula e sufocante. Amedrontada por sua incapacidade de negar e lutar contra esse amor que tirava as tripas e deformava sua existência. Comedora de moscas, acordava com pavor dos seus sonhos, desculpava-se por ver beleza no belo ou por sorrir do elogio de um sapo. O amor estava atravessado em sua garganta incomodando suas entranhas e apesar de aceitar seu fado implorava por uma salvadora que levasse quem a amava.

Escutei Leonora e repousei sobre sua vida, sendo eu qualquer coisa sem glórias arrisquei.
Ganhei um homem que amava outra e não pretendia continuar sendo o homem que todas querem ter e quando tem não querem ter. Ganhei um homem com menos amor pra dar, mas o que me daria era o suficiente pra viver por metade de uma vida. Ganhei um homem e uma inimiga.